terça-feira, 3 de novembro de 2015

Coluna Paulo Guedes: Ética cristã no trabalho e nos negócios


No atual momento em que vivemos, com a globalização, nos deparamos com situações em que precisamos tomar decisões rápidas, pois a sociedade exige que todos nós façamos escolhas, optemos e resolvamos aquilo que tem a ver com a nossa vida individual, da empresa e dos nossos semelhantes.

Todas as decisões que tomamos no nosso dia a dia são influenciadas pelo ambiente social e individual em que estamos inseridos, e são baseadas em padrões e conjuntos de valores que acreditamos serem certos ou errados.

Todos nós já ouvimos falar da importância da ética na vida pessoal, social e profissional, e a urgência ou necessidade se deve à resultante dos prejuízos decorrentes da irresponsabilidade do próprio homem.

Dentro da conceituação de negócio, a credibilidade que é dada a ele decorre da prática efetiva de valores com integralidade, honestidade, transparência, eficiência dos serviços oferecidos, respeito ao consumidor e a todos os envolvidos com o negócio.

O grande problema que enfrentamos é que nem sempre os negócios funcionam de maneira adequada em nossa sociedade. Stephen Covey, no seu livro “Os sete hábitos das Pessoas Muito Eficazes, aborda duas suposições no campo da ética: “ética da personalidade” e “ética do caráter”, respectivamente. A primeira, se é que podemos chamar de ética, valoriza somente o status social, o vencer na vida, o ficar rico. Usa-se de todos os meios para alcançar os objetivos.
A segunda enfatiza os valores mais autênticos e permanentes, tais como integridade, humildade, fidelidade, persistência, coragem, justiça, paciência, modéstia, e a regra de ouro: “não fazer aos outros o que não quiser que os outros lhe façam”. Essas duas visões da ética estão presentes em todos os momentos de nossa vida, pois sempre que se apresenta a oportunidade de fazermos uma escolha, fatalmente analisamos estes dois aspectos.

Na visão cristã, a ética encontra-se assentada na mais pura simplicidade, bastando agirmos conforme as leis divinas. O que não quer dizer que torna-se com isso uma coisa fácil de se realizar. O que podemos observar no mundo cristão é que diversas pessoas que afirmam professar a crença em Cristo, concordam com a primeira suposição de Stephen Covey.

A crença em Cristo, necessariamente, tem que proporcionar uma transformação interior do ser humano, fazendo-o vivenciar o conjunto de princípios e fundamentos que encontramos nas sábias e sempre oportunas lições de Jesus.

A transformação da sociedade, que faz parte do tema principal aqui analisado, necessariamente passa pela interiorização dos conceitos éticos inseridos no Antigo e Novo Testamento.

Acreditamos que a relação humana no campo dos negócios precisa passar pela conscientização das premissas éticas de Cristo, para que os valores como integridade, humildade, fidelidade, persistência, coragem, justiça, paciência, modéstia, e a regra de ouro, “não fazer aos outros o que não quiser que os outros lhe façam” norteiem o mundo dos negócios.

terça-feira, 27 de outubro de 2015

Comuna Paulo Guedes: Ética como Estudo Crítico da Moralidade


Ética é "o estudo crítico da moralidade”, analisando sistematicamente as escolhas morais que os seres humanos fazem, e os padrões do certo e errado pelos quais a conduta será dirigida, e assim sejam satisfeitos os alvos e princípios ideais reconhecidos e exigidos.
É indispensável e determinante o estudo de que, na realidade, o homem é livre e responsável por seus atos: suas obrigações morais, deveres, louvores, culpa, verdade, etc.; que as escolhas morais são resultado complexo da avaliação e conclusão do determinismo espiritual (não o determinismo mecânico ou orgânico) no usufruto da liberdade moral.

Tendo o homem a liberdade de pensar, tem igualmente a de obrar porquanto, sem o livre arbítrio ele seria uma máquina. Conforme o homem for compreendendo a ética e a moral, menos predisposições ao arrastamento a atos repreensíveis ele terá.

O seu encontro com Deus através das Escrituras Sagradas o credencia a vivenciar o amor de Deus e sua misericórdia, e obviamente que não haverá desculpas para o mal que ele venha a praticar.
O livre arbítrio que Deus concedeu ao homem é uma faculdade indispensável pois, sem ele, como foi dito acima, ele seria uma máquina e não teria responsabilidade pelos atos que viesse a praticar.

terça-feira, 20 de outubro de 2015

Coluna Paulo Guedes: Alternativas Éticas


Cada indivíduo, com suas características únicas, tem a sua ética. Apesar das influências que sofre pelo relativismo e pelo pluralismo dos dias atuais, tem um sistema de valores armazenados em seu subconsciente que consulta no processo de fazer escolhas. Às vezes, as nossas ações incoerentes parecem contradizer esta afirmativa. Nem sempre temos consciência dos valores que compõem a nossa personalidade. As alternativas éticas, de acordo com os seus princípios orientadores fundamentais, podem ser classificadas como humanistas, naturais e religiosas.

Como ética humanista podemos classificar aquelas que tomam o homem como a medida de todas as coisas, seguindo o axioma do antigo pensador Pitágoras (485-410 a.C.), que favorecem escolhas e decisões voltadas para o homem como seu valor maior.

Podemos subdividir a ética humanista em três formas, que são: hedonismo, utilitarismo e existencialismo.

O hedonismo consiste na visão de que o certo é aquilo que é agradável. A palavra hedonismo vem do grego ihdonh, “prazer”.

O hedonismo não tem muitos defensores modernos, mas podemos mencionar Gustav Fechner, o fundador da psicofísica, com sua interpretação do prazer como princípio psíquico de ação, a qual foi depois desenvolvida por Sigmund Freud como sendo o princípio operativo do nível psicanalítico do inconsciente.

Na visão cristã o hedonismo configura-se uma ética essencialmente egoísta, por apresentar ao homem a busca do prazer como princípio fundamental. O cristianismo reconhece o direito do homem de buscar o prazer e a felicidade;  a sua exacerbação é que a torna um equívoco.

O sistema ético utilitarista tem como foco principal o bem maior para o maior número de pessoas, ou simplificando, o certo é o que for útil. As escolhas são julgadas pelos resultados que produzem, e não em termos de motivações ou princípios morais envolvidos. Os principais proponentes da ética utilitarista foram os filósofos ingleses Jeremy Bentham e John Stuart Mill.

À primeira vista, a ética utilitarista até parece estar alinhada com o ensinamento cristão de proporcionar o bem às pessoas. No seu bojo está o ensinamento de sacrificar o lado individual em favor do coletivo. A questão está em o que é o bem da maioria? O perigo do utilitarismo é que ele transforma a ética simplesmente num pragmatismo frio e impessoal: decisões certas são aquelas que produzem soluções, resultados e números. Utilitaristas enfatizam o método em detrimento do conteúdo. Eles querem saber como e não por que.

E para terminar encontramos a ética humanista existencialista, que é defendida por pensadores como Kierkegaard, Jaspers, Heiddeger, Sartre e Simone de Beauvoir. Ela consiste basicamente no pessimismo. São céticos quanto a um bom futuro para a humanidade. São relativistas, tendo como premissa que o certo e o errado são relativos às perspectivas do homem, não existindo valores morais ou espirituais absolutos.

O existencialismo é o sistema ético dominante em nossa sociedade moderna. Sua influencia percebe-se em todo lugar. A sociedade atual tende a validar eticamente atitudes tomadas com base na experiência individual. Por exemplo, um homem que não é feliz em seu casamento e tem um romance com outra mulher com quem se sente bem, geralmente recebe a compreensão e a tolerância da sociedade.

A ética naturalista é aquela que toma como base o processo e as leis da natureza. No seu ponto de vista o certo é aquilo que é natural, pois a natureza daria o padrão a seguir. Essa visão está de acordo com a teoria da seleção natural, ou seja, a natureza seleciona os mais fortes e aptos para sobreviverem em detrimento dos fracos, doentes, velhos e debilitados.

Por incrível que possa parecer, essa ética teve defensores como Trasímaco (sofista, contemporâneo de Sócrates), Maquiavel, e o Marquês de Sade. Modernamente, Nietzsche e alguns deterministas biológicos, como Herbert Spencer e Julian Huxley.

Vejamos alguns conceitos modernos de ética:
Segundo Adolfo Sanchez Vázques, “ética é a ciência do comportamento moral dos homens”.
“Ética é daquelas coisas que todo mundo sabe o que são, mas que não são fáceis de explicar, quando alguém pergunta” (VALLS, 1993, p.7).
Ética é a ciência ou filosofia que fará a eleição das melhores ações, tendo como horizonte o interesse coletivo.

No dicionário Aurélio Buarque de Holanda, encontramos ética como “o estudo dos juízos de apreciação que se referem à conduta humana suscetível de qualificação do ponto de vista do bem e do mal, seja relativamente à determinada sociedade, seja de modo absoluto”.

Podemos ver nitidamente a ação dessa ética no nazismo de Hitler, eliminando os doentes mentais e esterilizando os inaptos biologicamente.

Nietzsche, o mentor de Hitler, considerava como virtudes reais a severidade, o egoísmo e a agressividade, tendo como vício o amor, a humildade e a piedade.

Nos dias atuais encontramos os tentáculos da ética naturalista na busca desenfreada de legitimação do aborto, da eutanásia e de segregação dos mais fracos, ou inaptos, na linguagem deles.

Éticas Religiosas
São todas aquelas que baseiam os seus sistemas de valores na procura através da divindade (Deus ou deuses) da motivação maior de suas decisões, e consequentemente ações. A relação entre ética e religião é inseparável. O código de ética e o comportamento existente sofrem influencia direta no conceito de Deus que tenham.

Éticas Religiosas não Cristãs
Na mitologia grega, a concepção dos deuses os tinham como similares aos homens, carreados com suas paixões, desejos e sem padrões morais. A grande diferença existente entre eles e os homens era a mortalidade dos últimos. Dentro desse universo a religião grega clássica não impunha demandas e restrições ao comportamento dos homens.

No hinduísmo, no período védico vamos encontrar a divinização da vaca, principalmente em Krishna. Esse culto tem elementos pastorais e rurais.

O conjunto de valores que fazemos acerca de Deus com toda certeza irá influenciar nos nossos próprios valores e nas decisões que temos que fazer diariamente, incluindo-se nesse grupo os ateus e agnósticos.

terça-feira, 13 de outubro de 2015

Coluna Paulo Guedes: Conceito de ética


Encontramos na atualidade diversos temas que são trazidos à razão de todos nós, que se configuram polêmicos, e que precisam ser digeridos para que possamos nos posicionar contra ou a favor. Aborto, eutanásia, drogas, homossexualismo, entre outros, são analisados dentro das perspectivas da ética. No cotidiano de nossas vidas surgem questões como ser correto mentir para proteger-se ou proteger alguém.

Temos o direito de alcançar os nossos objetivos a qualquer custo? Ou seja, os fins justificam os meios? Para nortearmos o estudo que hora apresentamos, precisamos em primeiro lugar conceituar o que seja ética. Em segundo, a sua atuação nos diversos ramos do pensamento humano, e em terceiro o que venha a ser a ética na perspectiva cristã.

Etimologicamente falando, ética vem do grego “ethos”, e tem seu correlato no latim “morale”, com o mesmo significado: conduta, ou relativo aos costumes. Podemos concluir que, etimologicamente, ética e moral são palavras sinônimas.

Portanto, ética é a filosofia moral, ou a divisão da filosofia, que envolve o estudo do modo como devem viver os homens. A ética se concentra em questões que envolvem o correto e o impróprio. É o estudo crítico da moralidade, ou seja, é a ciência da moral.

Um código de ética é um acordo explícito entre membros de um grupo social. Seu objetivo é demonstrar como o grupo social que o compõe pensa e define sua própria identidade política e social, e como se movimenta para realizar seus objetivos particulares de forma compatível com os princípios da ética. O código de ética se fundamenta pela definição dos princípios e se articula em torno dos dois eixos de normas: direitos e deveres A definição de direitos delimita o perfil do grupo, e dos deveres abre o grupo à universalidade. A definição de direitos e deveres deve ser de tal forma que, através do seu cumprimento, os membros do grupo realizem o ideal de ser humano.

terça-feira, 6 de outubro de 2015

Coluna Paulo Guedes: Histórico da Ética

Aqui estão algumas linhas de reflexão sobre ética e seu desenvolvimento histórico. Não se deve buscar aqui, entretanto, uma reflexão conclusiva. O que apresentamos são apenas algumas observações que podem e devem ser levadas em conta ao se discutir a evolução das diferentes concepções da ética e dos comportamentos morais, ao longo dos séculos.
Podemos afirmar, a partir dos textos de Platão e Aristóteles que, no ocidente, a ética ou filosofia moral inicia-se com Sócrates. Para ele, a Ética iria bem além do senso comum da sua época.
Aristóteles vincula a sua ética à política, na certeza de que na monarquia e na aristocracia se encontraria a alta virtude, já que se configura um privilégio de poucos indivíduos. (11)
Aristóteles diz que, na prática, ética é o que fazemos, visando a uma finalidade boa ou virtuosa. (11)
Pode-se resumir a ética dos antigos, ou ética essencialista, em três aspectos: 1- o agir em conformidade com a razão; 2 – o agir em conformidade com a natureza e com o caráter natural de cada indivíduo; 3 – a união permanente entre ideia (a conduta do indivíduo) e o político (valores da sociedade). A ética era uma maneira de educar o sujeito moral (seu caráter) no intuito de propiciar a harmonia entre o mesmo e os valores coletivos, sendo ambos virtuosos.
A ética, com o advento do Cristianismo, através de Tomás de Aquino e Agostinho, adere à ideia que entende a virtude surgindo a partir da relação do homem com Deus, e não com os semelhantes ou com o lugar em que vivia. As duas principais virtudes são a fé e a caridade.
Surge o conceito do livre-arbítrio, tendo o homem como primeiro impulso a escolha do mal. Por ser fraco e pecador, balança entre a escolha do bem e do mal, estabelecendo-se que a melhor conduta encontra-se nas leis de Deus.
A partir do século IV, ocasião em que Constantino (Imperador Romano) universaliza o cristianismo como religião oficial do império romano, os valores passam a ser de respeito mútuo. Nasce aquilo que se popularizou, principalmente durante a Idade Média, como sendo um casamento entre a Igreja e o Estado. Principalmente nesse período medieval é que ocorre o maior distanciamento entre aqueles que são as "cabeças" da Igreja e as pessoas do povo. Podemos dizer que,  por mais de mil anos o centro da ética cristã foi aquilo que se chamou de práticas de caridade. Essa prática se origina das Escrituras e da Tradição Apostólica, não esquecendo que foi na Tradição que se fundamentaram os dogmas que norteiam as posturas cristãs.
A finalidade disso é convencer o ser humano a comportar-se de acordo com valores específicos, que se universalizam. É o que se pode depreender da leitura da página da Universidade Presbiteriana Mackenzie, onde afirma que a ética cristã, "é o conjunto de valores morais baseados nas Escrituras Sagradas, pelo qual o homem deve regular sua conduta nesse mundo, diante de Deus, do próximo e de si mesmo".

terça-feira, 29 de setembro de 2015

Coluna Paulo Guedes: ÉTICA CRISTÃ - II


A ética cristã é o sistema de valores morais associados ao cristianismo histórico e que retira dele a sustentação teológica e filosófica de seus valores, sendo a alternativa para a nossa sociedade superficial e relativista. Ela opera a partir de diversos princípios e valores, que acredita revelados por Deus, através das sagradas Escrituras.
Falar de ética cristã nos dias de hoje é uma tarefa desafiadora, já que vivemos num mundo em que os valores e os costumes da sociedade têm se modificado com uma enorme rapidez. Podemos considerar que existem inúmeras posições éticas tomadas pelas pessoas. Não existe um padrão comum na maneira das pessoas encararem as questões que envolvem a vida.
A finalidade precípua da ética cristã é a regeneração espiritual da humanidade, para que seu comportamento se paute na mais perfeita obediência às leis de Deus, que estão devidamente organizadas e sistematizadas no Antigo e Novo Testamento. É preciso transferi-las dos papiros, pergaminhos e paginas de papel das atuais bíblias para a consciência do homem, passando a fazer parte do seu modus operandi, no lidar com o seu semelhante. Urge essa transferência para que as distorções claramente observadas nas diversas nações espalhadas pelo mundo, no que diz respeito à conduta moral do homem, possam ser corrigidas levando o ser humano, filho do Pai Supremo, ao estado de plena vivência do Evangelho.
Nas leis, nos profetas e no Evangelho de Cristo, encontramos a revelação do padrão moral. Os Dez Mandamentos e o Sermão das Bem-Aventuranças são a síntese da mais perfeita moral revelada por Deus. Encontramos nos referidos textos o roteiro divino para alcançarmos o Seu Reino. A mensagem representa o caminho da regeneração do homem e a conquista definitiva da paz.
A ética cristã fundamenta-se na vida e ensinamentos de Cristo e constitui-se a expressão máxima do amor.
Podemos dizer que a ética cristã é a grande síntese, é o compêndio dos supremos valores morais, baseado unicamente nas Sagradas Escrituras, sendo o norteador da conduta do homem, perante a vida, neste mundo. Não se trata de uma fórmula mágica para se chegar a Deus, mas um conjunto de regras e procedimentos que nos torna obedientes às leis de Deus, facultando-nos o direito de sermos chamados homens de bem.
Entre os motivos que devem impulsionar as pessoas em sua conduta está a imitação de Cristo (Rm 15: 5; Gl 2: 20; Ef 5: 1-2; Fp 2: 5). Outro motivo fundamental é o amor (Rm 12: 9-10; I Co 13: 1-13; 16: 14; Gl 5: 6). O viver ético é sempre o fruto do Espírito (Gl 5: 22-23).
Na sua argumentação ética, Paulo dá ênfase ao bem-estar da comunidade, o corpo de Cristo (Rm 12: 5; I Co 10: 17; 12, 13 e 27; Ef 4: 25; Gl 3: 28). Ao mesmo tempo, ele valoriza o indivíduo, o irmão por quem Cristo morreu (Rm 14: 15; I Co 8: 11; I Ts 4: 6; Fm  16).
Acima de tudo, o crente deve viver para Deus, de modo digno dEle, para o seu inteiro agrado: Rm 14: 8; II Co 5: 15; Fp 1: 27; Cl 1: 10; I Ts 2: 12; Tt 2: 12.

quarta-feira, 23 de setembro de 2015

Coluna Paulo Guedes: A Ética Cristã



O presente texto pretende introduzir e discutir a urgência da ética cristã como fundamento para a busca de uma sociedade democrática e suas conectividades com os direitos humanos. A problematização do tema com todo o seu envolvimento nas diversas áreas do conhecimento humano torna-se uma tarefa árdua, levando-se em conta o processo de globalização acelerado em que estamos inseridos.
Um olhar mais atento e vamos começar a identificar as diversas facetas da sociedade, com seus valores éticos e morais com toda a sua historicidade, lugar, espaço e tempo onde a sua significação foi construída e reconstruída pela ação humana.
A ética, como teoria, exercício intelectual que propicia a reflexão, a análise, a decisão e a avaliação de toda conduta social, tem sido o principal regulador do desenvolvimento histórico-cultural da humanidade. Sem ela, com seus princípios humanitários, o homem teria tido poucas chances de chegar à era da modernidade.
Hoje podemos dizer que, apesar da grande contribuição que ela deu ao homem e à sociedade, a modernidade alijou-a das relações humanas, abrindo um espaço demasiadamente grande para que o positivismo, juntamente com o materialismo, espalhe os seus tentáculos por toda a sociedade, preludiando dias obscuros para a humanidade.
Surgem orientações e normatizações baseadas em conceitos anticristãos, que colocam o homem refém do mundo sistêmico, do poder e do dinheiro, criando um desenvolvimento econômico e tecnológico que beneficia uma minoria em detrimento de condições mínimas de sobrevivência da grande maioria da população mundial.
Também podemos afirmar que a ética, por si só, não garante a transformação moral da humanidade. A assertiva segundo a qual nós, seres humanos, somos capazes de concordar minimamente sobre princípios como a justiça, a igualdade de direitos, cidadania plena, solidariedade e dignidade da pessoa humana, indicam grande possibilidade de vivenciarmos esses princípios, mas nada garante a sua real efetivação.
A ética, como teoria, ou como princípios negociados e acordados entre nações, povos e religiões e sua inclusão nas cartas magnas, não é o suficiente para transformar. É preciso que o homem a coloque como virtude em sua vida, trazendo para si o exercício da plena cidadania em confronto com a moral vigente nas sociedades.
A palavra planificadora de Cristo exerce papel fundamental na efetiva incorporação da ética na vida do homem, possibilitando-o participar plenamente no processo de transformação da sociedade.
Com a finalidade de discutir a contribuição que a ética cristã pode exercer sobre a sociedade atual, buscaremos fazer, nas próximas semanas, um estudo aprofundado da ética com todos os seus desdobramentos, conceituando-a, e analisando as suas alternativas, como na ética humanista, utilitarista e naturalista; caminharemos também pela ética religiosa cristã, buscando entender os seus sistemas de valores, bem como pela ética religiosa não cristã.
Estaremos discutindo também a ética como estudo crítico da moralidade, sua influência no homem, abrangendo sua vida em família, na sociedade e no trabalho e negócios, como também a forma de desenvolver uma consciência moral proporcionadora da liberdade humana.
Analisaremos a instituição família, com a conceituação de lar; os deveres morais do homem na família; a paternidade responsável e o dever moral da família na sociedade, bem como estaremos refletindo os valores morais diante da sociedade moderna.
Com a convicção de que a ética cristã tem muito a contribuir com a transformação da sociedade, avaliaremos essa mesma sociedade em todos os seus aspectos, num estudo sociológico da sua relação com o Estado, com a cultura e a influência da comunicação na formação dos valores dessa sociedade. Olharemos com toda a atenção os instrumentos aceleradores da instabilidade social, procurando entender os motivadores da exclusão social, da evasão escolar, dos desajustes de conduta e as deficiências sociais, onde vamos encontrar os crimes de todos os matizes, a prostituição, o alcoolismo, a toxomania e a jogatina.
Na busca da solução para os embates sociais, estudaremos a religião e seu papel na família e na sociedade, procurando nas Escrituras Sagradas as leis que regem a vida em comunidade, passando pelas leis mosaicas e chegando ao Evangelho de Jesus.
Encontraremos,no decorrer deste estudo, o Plano Social de Deus para a humanidade, tendo como princípio a educação do homem e o desenvolvimento de valores morais norteados pela ética cristã. A pedagogia será apresentada como ciência de fundamental importância nesse processo transformatório, tendo o amor como ato pedagógico, capaz de tirar o homem da inércia e colocá-lo a caminho da evolução.
Procuraremos mostrar que todos nós somos educadores e educandos nas escolas da vida, trocando de papel conforme as circuntâncias da jornada, e para que sejamos bons educadores apresentaremos a pedagogia da afetividade; e como não poderia ser diferente, estudamos nas semanas anteriores, Jesus, o pedagogo por excelência, com os seus métodos de ensino que tantos exemplos têm nos dados. Ele marcou a vida da humanidade com o seu verbo divino, e precisamos nos espelhar nEle para fazer a nossa parte no trabalho fundamental da seara do Cristo.