terça-feira, 27 de outubro de 2015

Comuna Paulo Guedes: Ética como Estudo Crítico da Moralidade


Ética é "o estudo crítico da moralidade”, analisando sistematicamente as escolhas morais que os seres humanos fazem, e os padrões do certo e errado pelos quais a conduta será dirigida, e assim sejam satisfeitos os alvos e princípios ideais reconhecidos e exigidos.
É indispensável e determinante o estudo de que, na realidade, o homem é livre e responsável por seus atos: suas obrigações morais, deveres, louvores, culpa, verdade, etc.; que as escolhas morais são resultado complexo da avaliação e conclusão do determinismo espiritual (não o determinismo mecânico ou orgânico) no usufruto da liberdade moral.

Tendo o homem a liberdade de pensar, tem igualmente a de obrar porquanto, sem o livre arbítrio ele seria uma máquina. Conforme o homem for compreendendo a ética e a moral, menos predisposições ao arrastamento a atos repreensíveis ele terá.

O seu encontro com Deus através das Escrituras Sagradas o credencia a vivenciar o amor de Deus e sua misericórdia, e obviamente que não haverá desculpas para o mal que ele venha a praticar.
O livre arbítrio que Deus concedeu ao homem é uma faculdade indispensável pois, sem ele, como foi dito acima, ele seria uma máquina e não teria responsabilidade pelos atos que viesse a praticar.

terça-feira, 20 de outubro de 2015

Coluna Paulo Guedes: Alternativas Éticas


Cada indivíduo, com suas características únicas, tem a sua ética. Apesar das influências que sofre pelo relativismo e pelo pluralismo dos dias atuais, tem um sistema de valores armazenados em seu subconsciente que consulta no processo de fazer escolhas. Às vezes, as nossas ações incoerentes parecem contradizer esta afirmativa. Nem sempre temos consciência dos valores que compõem a nossa personalidade. As alternativas éticas, de acordo com os seus princípios orientadores fundamentais, podem ser classificadas como humanistas, naturais e religiosas.

Como ética humanista podemos classificar aquelas que tomam o homem como a medida de todas as coisas, seguindo o axioma do antigo pensador Pitágoras (485-410 a.C.), que favorecem escolhas e decisões voltadas para o homem como seu valor maior.

Podemos subdividir a ética humanista em três formas, que são: hedonismo, utilitarismo e existencialismo.

O hedonismo consiste na visão de que o certo é aquilo que é agradável. A palavra hedonismo vem do grego ihdonh, “prazer”.

O hedonismo não tem muitos defensores modernos, mas podemos mencionar Gustav Fechner, o fundador da psicofísica, com sua interpretação do prazer como princípio psíquico de ação, a qual foi depois desenvolvida por Sigmund Freud como sendo o princípio operativo do nível psicanalítico do inconsciente.

Na visão cristã o hedonismo configura-se uma ética essencialmente egoísta, por apresentar ao homem a busca do prazer como princípio fundamental. O cristianismo reconhece o direito do homem de buscar o prazer e a felicidade;  a sua exacerbação é que a torna um equívoco.

O sistema ético utilitarista tem como foco principal o bem maior para o maior número de pessoas, ou simplificando, o certo é o que for útil. As escolhas são julgadas pelos resultados que produzem, e não em termos de motivações ou princípios morais envolvidos. Os principais proponentes da ética utilitarista foram os filósofos ingleses Jeremy Bentham e John Stuart Mill.

À primeira vista, a ética utilitarista até parece estar alinhada com o ensinamento cristão de proporcionar o bem às pessoas. No seu bojo está o ensinamento de sacrificar o lado individual em favor do coletivo. A questão está em o que é o bem da maioria? O perigo do utilitarismo é que ele transforma a ética simplesmente num pragmatismo frio e impessoal: decisões certas são aquelas que produzem soluções, resultados e números. Utilitaristas enfatizam o método em detrimento do conteúdo. Eles querem saber como e não por que.

E para terminar encontramos a ética humanista existencialista, que é defendida por pensadores como Kierkegaard, Jaspers, Heiddeger, Sartre e Simone de Beauvoir. Ela consiste basicamente no pessimismo. São céticos quanto a um bom futuro para a humanidade. São relativistas, tendo como premissa que o certo e o errado são relativos às perspectivas do homem, não existindo valores morais ou espirituais absolutos.

O existencialismo é o sistema ético dominante em nossa sociedade moderna. Sua influencia percebe-se em todo lugar. A sociedade atual tende a validar eticamente atitudes tomadas com base na experiência individual. Por exemplo, um homem que não é feliz em seu casamento e tem um romance com outra mulher com quem se sente bem, geralmente recebe a compreensão e a tolerância da sociedade.

A ética naturalista é aquela que toma como base o processo e as leis da natureza. No seu ponto de vista o certo é aquilo que é natural, pois a natureza daria o padrão a seguir. Essa visão está de acordo com a teoria da seleção natural, ou seja, a natureza seleciona os mais fortes e aptos para sobreviverem em detrimento dos fracos, doentes, velhos e debilitados.

Por incrível que possa parecer, essa ética teve defensores como Trasímaco (sofista, contemporâneo de Sócrates), Maquiavel, e o Marquês de Sade. Modernamente, Nietzsche e alguns deterministas biológicos, como Herbert Spencer e Julian Huxley.

Vejamos alguns conceitos modernos de ética:
Segundo Adolfo Sanchez Vázques, “ética é a ciência do comportamento moral dos homens”.
“Ética é daquelas coisas que todo mundo sabe o que são, mas que não são fáceis de explicar, quando alguém pergunta” (VALLS, 1993, p.7).
Ética é a ciência ou filosofia que fará a eleição das melhores ações, tendo como horizonte o interesse coletivo.

No dicionário Aurélio Buarque de Holanda, encontramos ética como “o estudo dos juízos de apreciação que se referem à conduta humana suscetível de qualificação do ponto de vista do bem e do mal, seja relativamente à determinada sociedade, seja de modo absoluto”.

Podemos ver nitidamente a ação dessa ética no nazismo de Hitler, eliminando os doentes mentais e esterilizando os inaptos biologicamente.

Nietzsche, o mentor de Hitler, considerava como virtudes reais a severidade, o egoísmo e a agressividade, tendo como vício o amor, a humildade e a piedade.

Nos dias atuais encontramos os tentáculos da ética naturalista na busca desenfreada de legitimação do aborto, da eutanásia e de segregação dos mais fracos, ou inaptos, na linguagem deles.

Éticas Religiosas
São todas aquelas que baseiam os seus sistemas de valores na procura através da divindade (Deus ou deuses) da motivação maior de suas decisões, e consequentemente ações. A relação entre ética e religião é inseparável. O código de ética e o comportamento existente sofrem influencia direta no conceito de Deus que tenham.

Éticas Religiosas não Cristãs
Na mitologia grega, a concepção dos deuses os tinham como similares aos homens, carreados com suas paixões, desejos e sem padrões morais. A grande diferença existente entre eles e os homens era a mortalidade dos últimos. Dentro desse universo a religião grega clássica não impunha demandas e restrições ao comportamento dos homens.

No hinduísmo, no período védico vamos encontrar a divinização da vaca, principalmente em Krishna. Esse culto tem elementos pastorais e rurais.

O conjunto de valores que fazemos acerca de Deus com toda certeza irá influenciar nos nossos próprios valores e nas decisões que temos que fazer diariamente, incluindo-se nesse grupo os ateus e agnósticos.

terça-feira, 13 de outubro de 2015

Coluna Paulo Guedes: Conceito de ética


Encontramos na atualidade diversos temas que são trazidos à razão de todos nós, que se configuram polêmicos, e que precisam ser digeridos para que possamos nos posicionar contra ou a favor. Aborto, eutanásia, drogas, homossexualismo, entre outros, são analisados dentro das perspectivas da ética. No cotidiano de nossas vidas surgem questões como ser correto mentir para proteger-se ou proteger alguém.

Temos o direito de alcançar os nossos objetivos a qualquer custo? Ou seja, os fins justificam os meios? Para nortearmos o estudo que hora apresentamos, precisamos em primeiro lugar conceituar o que seja ética. Em segundo, a sua atuação nos diversos ramos do pensamento humano, e em terceiro o que venha a ser a ética na perspectiva cristã.

Etimologicamente falando, ética vem do grego “ethos”, e tem seu correlato no latim “morale”, com o mesmo significado: conduta, ou relativo aos costumes. Podemos concluir que, etimologicamente, ética e moral são palavras sinônimas.

Portanto, ética é a filosofia moral, ou a divisão da filosofia, que envolve o estudo do modo como devem viver os homens. A ética se concentra em questões que envolvem o correto e o impróprio. É o estudo crítico da moralidade, ou seja, é a ciência da moral.

Um código de ética é um acordo explícito entre membros de um grupo social. Seu objetivo é demonstrar como o grupo social que o compõe pensa e define sua própria identidade política e social, e como se movimenta para realizar seus objetivos particulares de forma compatível com os princípios da ética. O código de ética se fundamenta pela definição dos princípios e se articula em torno dos dois eixos de normas: direitos e deveres A definição de direitos delimita o perfil do grupo, e dos deveres abre o grupo à universalidade. A definição de direitos e deveres deve ser de tal forma que, através do seu cumprimento, os membros do grupo realizem o ideal de ser humano.

terça-feira, 6 de outubro de 2015

Coluna Paulo Guedes: Histórico da Ética

Aqui estão algumas linhas de reflexão sobre ética e seu desenvolvimento histórico. Não se deve buscar aqui, entretanto, uma reflexão conclusiva. O que apresentamos são apenas algumas observações que podem e devem ser levadas em conta ao se discutir a evolução das diferentes concepções da ética e dos comportamentos morais, ao longo dos séculos.
Podemos afirmar, a partir dos textos de Platão e Aristóteles que, no ocidente, a ética ou filosofia moral inicia-se com Sócrates. Para ele, a Ética iria bem além do senso comum da sua época.
Aristóteles vincula a sua ética à política, na certeza de que na monarquia e na aristocracia se encontraria a alta virtude, já que se configura um privilégio de poucos indivíduos. (11)
Aristóteles diz que, na prática, ética é o que fazemos, visando a uma finalidade boa ou virtuosa. (11)
Pode-se resumir a ética dos antigos, ou ética essencialista, em três aspectos: 1- o agir em conformidade com a razão; 2 – o agir em conformidade com a natureza e com o caráter natural de cada indivíduo; 3 – a união permanente entre ideia (a conduta do indivíduo) e o político (valores da sociedade). A ética era uma maneira de educar o sujeito moral (seu caráter) no intuito de propiciar a harmonia entre o mesmo e os valores coletivos, sendo ambos virtuosos.
A ética, com o advento do Cristianismo, através de Tomás de Aquino e Agostinho, adere à ideia que entende a virtude surgindo a partir da relação do homem com Deus, e não com os semelhantes ou com o lugar em que vivia. As duas principais virtudes são a fé e a caridade.
Surge o conceito do livre-arbítrio, tendo o homem como primeiro impulso a escolha do mal. Por ser fraco e pecador, balança entre a escolha do bem e do mal, estabelecendo-se que a melhor conduta encontra-se nas leis de Deus.
A partir do século IV, ocasião em que Constantino (Imperador Romano) universaliza o cristianismo como religião oficial do império romano, os valores passam a ser de respeito mútuo. Nasce aquilo que se popularizou, principalmente durante a Idade Média, como sendo um casamento entre a Igreja e o Estado. Principalmente nesse período medieval é que ocorre o maior distanciamento entre aqueles que são as "cabeças" da Igreja e as pessoas do povo. Podemos dizer que,  por mais de mil anos o centro da ética cristã foi aquilo que se chamou de práticas de caridade. Essa prática se origina das Escrituras e da Tradição Apostólica, não esquecendo que foi na Tradição que se fundamentaram os dogmas que norteiam as posturas cristãs.
A finalidade disso é convencer o ser humano a comportar-se de acordo com valores específicos, que se universalizam. É o que se pode depreender da leitura da página da Universidade Presbiteriana Mackenzie, onde afirma que a ética cristã, "é o conjunto de valores morais baseados nas Escrituras Sagradas, pelo qual o homem deve regular sua conduta nesse mundo, diante de Deus, do próximo e de si mesmo".